terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

seriados e psicopatas

A TV pode ser positiva. Depois de alguns meses de ócio regado à programas e filmes de TV, pude conhecer um seriado que me interessou. Isso aconteceu em 2004, quando da estréia de 'Lost' no Brasil, no canal a cabo AXN. Fui capturado pela imensidão de mistério e originalidade que este seriado trouxe, a exemplo de poucos. E fiquei adito.

E após quase toda a primeira temporada, antes de 'Lost' cair nas graças da massa (aquela velha vontade de ser underground, precursor, old school e essas frescuras), conversei com um amigo que me disse algo interessante. Ele me alertou sobre a fidelidade a uma só série. E disse que havia uma 'série de séries' que valiam a pena. Fui à captura. Conheci 'Prison Break'.

Não me identifico com personagem nenhum dos dois seriados, notem. Sou muito egoísta pra ser comparado a Jack Sheppard e muito estúpido para ser Michael Scofield. Mas o interesse pela continuidade foi o maior determinante para aderir as duas aos meus favoritos. Este segundo seriado é ainda mais intrigante e tenso. Desperta a adrenalina, sem sombra de dúvidas. E após algum tempo, notei que poderia ainda ser fã de outras dessas novelas. Vieram 'Supernatural', a finada 'Invasion', mais adiante vieram 'The 4400' e 'Heroes'. Todas me fidelizaram. A última foi 'Jericho'.

Mas uma delas, da qual só fui saber há menos de um mês, me enfeitiçou totalmente. Talvez porque tenha me tocado num momento de fragilidade inesperada, senti que finalmente me identifiquei com um personagem. E agora começa a parte mórbida deste post.

Todos temos um lado obscuro. Todos deveríamos saber que "Não existem segredos na vida. Apenas verdades escondidas... que ficam sob a superfície." E todos lutamos contra monstros que vivem dentro da gente, e nos assolam. Assim é meu protagonista e herói Dexter Morgan. O mais impressionante é que sempre tendi a acreditar muito mais na sinceridade dos anti-heróis. Mas Dexter tem um 'quê' disso (mesmo sendo O herói).

Ele não é um homem transtornado. Aceitou o seu destino há tempos. É um serial killer. Me perguntem: como pode um assassino ser herói?

Pode ser meticuloso a ponto de escolher como vítimas, pessoas que não conseguem controlar os monstros dentro de si. Dexter é algoz de homicidas, traficantes, pedófilos e outros indivíduos que vivem à margem da lei e vive sob um código de conduta, ditado pelo falecido pai adotivo. Sim, ele mata pessoas ruins. Parece alguém como Frank Castle (The Punisher), mas esse herói não mata apenas para defender os outros. E esse conflito é o melhor: ele precisa matar para saciar um ímpeto dentro de si, facilmente compreensivo para um obsessivo.

E seu detalhismo quase surreal, mostra uma humanidade que todos nós deveríamos ter. Suas certezas são tão óbvias, que quase nenhum de nós conseguiria pensar nas coisas como ele.

Acredito que por vezes, me sinto assim, e sei que não estou sozinho. Creio em outras pessoas, perdidas na multidão que fingem sentir e riem e se divertem e vivem. Do lado de dentro, um riso melancólico. Uma risada de chacota, direcionada àqueles que acham que tudo gira bem.

Por fim, Dexter descobre que também é humano e também sente de verdade. E aí, ele me pareceu um personagem real. Algumas coisas, alguns sentimentos, simplesmente não podem ser dissimulados. E desses, fujo. Mas de vez em quando cedo. E fico quase feliz.

"Todos escondem quem são pelo menos por parte do tempo. Às vezes você enterra essa parte de si mesmo tão fundo, que precisa ser lembrado de que ela está lá. E às vezes você só quer esquecer quem você é de vez."

I’ve got a monster in my closet
Someone’s underneath my bed
The wind’s knocking at my window
I’d kill it but it’s already dead.
I used to wonder why he looked familiar
Then I realized it was a mirror
And now it is plain to see,
The whole time the monster was me.

Um comentário:

Unknown disse...

eu ainda não assisti dexter, mas já ouvi ótimos comentários sobre.
eu gosto mto de weeds, um cotidiano meio sem noção, de uma suburbana que após a morte do marido começa a vender weed! :P é mto engraçado!
ah, eu sou viciada em seriados tbm. pqp!